Olhos

Olhos
Olhos expressivos de quem já viveu / Histórias, memórias, lembranças de paralelepípedo, / De ruas, calçadas, nomes, pessoas, gestos, vozes, choros, berros / De alguém ou meus. / / O olhar dessa cidade / Sabe dos números de ruas / Que os teus pés já pisaram / Não fale das coisas pequenas que escorrem pros lados. / / E lembre-se sempre do que você diz a si / A verdade é a coisa mais pura pra se ter e sentir, / / Menina, os teus olhos, me lembram / Um bocado de dengo / E a arte de arder em meu peito ainda aquela vontade, / Retruca, por que ter guardado o momento / Dentro dos meus pensamentos em um bau zincado?

A solidão

A solidão
Maria Tereza

Vá,
Pegue suas malas,
Pegue tudo.
Caia no mundo,
Saia daqui
E esqueça o que gastei com você.

Esqueça toda forma de carinho
Cada fundo de pocinho
Que me meti pra tirar você.

A solidão é cultivada
Por quem põe na arma a bala.
Só entra nessa quem é falso
Se não deu mais
Vamos cuidar de si.

Pegue todas as roupas sujas
Pode lavá-las antes de sair
Saia com a cabeça erguida
E dignidade pra poder sorrir.

As vezes a vida prega peça
Não adianta se jogar
Na correnteza, nesse barco
Que já furou e pode afundar.

A solidão é cultivada
Por quem põe na arma a bala.
Só entra nessa quem é falso
Se não deu mais
Vamos cuidar de si.