Olhos

Olhos
Olhos expressivos de quem já viveu / Histórias, memórias, lembranças de paralelepípedo, / De ruas, calçadas, nomes, pessoas, gestos, vozes, choros, berros / De alguém ou meus. / / O olhar dessa cidade / Sabe dos números de ruas / Que os teus pés já pisaram / Não fale das coisas pequenas que escorrem pros lados. / / E lembre-se sempre do que você diz a si / A verdade é a coisa mais pura pra se ter e sentir, / / Menina, os teus olhos, me lembram / Um bocado de dengo / E a arte de arder em meu peito ainda aquela vontade, / Retruca, por que ter guardado o momento / Dentro dos meus pensamentos em um bau zincado?
Nosso futuro está aqui
Maria Tereza

Todo mundo está acostumado
A deitar sozinho
Se abraçar sozinho
Faço carinho no meu próprio pé

Dividir a rima
Nessa cama dura
Nesse quarto escuro
Sabe como é

É uma noite estranha
Dói a sombra
Da cama e do ventilador
Seu olhar e o meu fechados pro futuro
Quero voar
Quem sabe você vai estar
Que zorra
Maria Tereza

Fevereiro é o carnaval
Mas brasileiro não se contenta
Quer festa o ano inteiro
A mulherada não aguenta

Espere a quarentena!
Não me expulse desse palco
O Argentino quer cantar inglês
Não entender nada é melhor pra ganhar freguês

Sexta-feira é todo dia
Gilberto Gil já não fascina
Soltei um Djavan
Disseram: Pare de cantar!
Pare a música de criança
É hora de dançar!
É preciso ter coragem
Pra esperar
É preciso ter coragem
Pra ter coragem
O teatro, dentre o aguardente
Maria Tereza

A manhã clareou
Nos meus braços o meu guri
Pede aos prantos
Um pouco de leite

Mas o aguardente não posso evitar
Tem também
As pessoas
Arrumadas
Aumentadas
Pelo salto, na ilusão
Elas olham pra mim
Com vergonha
Por não me conhecerem não ajudam não

Poderia apagar um incêndio
Em pânico o bombeiro
Ia se admirar
Como pode essa mãe
Ter um coração grande demais.
Noite boa
Maria Tereza

Não venha me dizer
Que todo dia o vinho envelhece
Que o nosso amor esquece
Dos degraus que passou

A menina toda de fita
Te encantou
Um dia atrás
Nossos ancestrais
Em roda
O samba fugaz
Tanto pranto essa chuva me traz
No sangue,
Cadência desse tambor

Nas alturas

Nas alturas
Maria Tereza

Não precisa ligar o som
Quando o som da sua cabeça está alto
Vamos matar esse nosso estado.

Deixei a porta aberta pra você entrar
Mesmo sabendo que o portão está a três metros de mim
Precisa de uma ligação
Ah.... ah...
Ah... ah...
Eu sonho em todo dia te encontrar
No sonho
Não deveria estar
Já está
Ah... ah...
Que pena que não precisa ligar o som
Quando o som da sua cabeça está alto.
Seguindo o disco que tocar
Maria Tereza

Tudo o que eu quero
É ser feliz
Sentir meus pés no chão
Sorrir
Pegar na tua mão
E dormir bem
Mas se todo o caminho vier me dizer
Que não deu certo
Tudo o que nesse percurso de vida se criou
Ainda conversaremos
Pra seguir.
Música pra pensar
Maria Tereza

Tem gente que a gente não sabe
Onde passou trinta, quarenta anos

Os seres que ultrapassaram as compreensões do seu tempo
Põem no meio do catavento
Histórias em sementes de girassol

Hoje eu quero o beijo envenenado do moreno em meu lençol
Meu seio pede um pouco do beijo
Amargo
No meio da língua
Responde ao sinal

Todo dia o teu nome vem lembrar
Pois é...
Não vai rolar,

Um dia, quem sabe, você volte
Preciso mesmo do tempo
Meu coração respirar
Todo dia tem mais um dia pra lutar
E daí, você sonha
É tarde, não posso descansar /ainda

São Jorge no peito

São Jorge no peito
Maria Tereza

O azul do céu não é mais bonito que o seu sorriso neste dia de sol
Fogos avisaram que é festa de São Jorge
Salve o peito do tambor
Que inevitavelmente faz a rua ficar bela
Quero você do meu lado

Segurando uma flor amarela
Olha o meu vestido
Mede as curvas do tecido
Sobre o meu corpo nu

Mentira se eu disser que o teu jeitinho
Impressiona só a mim
Até as estrelas sabem
Pois fui eu quem contei
Minha mãe e meu pai vão pensar que eu cresci demais


Ríspida loucura
Maria Tereza

Eu sei meu bem
Eu sei que o seu
Anjo da guarda
Não dorme
Nem esquenta se você dormiu
As luzes do seu quarto ainda estão acesas
Nessa noite não terá sol

Eu sei, eu sei
É tão frágil tudo isso
A montanha destruída pro abismo
Qual nossos corpos se atiraram
Eu sei que esse navio meio torto
Caminha pro topo do furacão
Rapidamente
Nossos corpos no chão


Os olhos embevecidos
                   por imagens
Não se reconhecem
                   no cotidiano.
Estalos e
        estalos
Um outro animal como eu!

Pessoas,
         pessoas
Falam
     sempre sem parar...
Caras e
       bocas,
   Teu nome
         e o
        meu.



"Interrogando os pontos finais"
Maria Tereza

A Evolução das Baratas

A Evolução das Baratas

Complexas
Com corpos achatados
Asas duras
Pernas que se movimentam rápido e longas antenas que balançam
Comendo lixo e restos
Espalham salmonela e a shigella
De um lugar para o outro

Quando elas andam deixam rastros de fezes
Para encontrar o caminho de volta
Rastros que causam manchas e odores
Repassam pro ninho as informações de todos os pavores

Um mal tão grande não morre fácil assim
Isso me dá medo
Todo dia
Até a hora de dormir
Andando na rua nem parece indefesa
Quatro mil espécies de baratas
E eu aqui de madrugada
Gritando pelo vizinho
Pra matar o filhote que passeia



Silenciosa
Do banheiro pra sala
Imagino as perninhas cabeludas
Arrastando-se por cima de mim

E se as baratas crescem mediante a evolução
E descobrem o meu pensamento
Identificariam as vítimas pela movimentação
Do pé

Calculando o medo na distância que a submeto de mim
Não haveria dúvida
Na hora do cio
Sábia de toda causa e efeito
Abriria suas asas
E voaria, pularia, andaria, pisotearia, e até morderia
A ponta do meu nariz

BARATA
BARATA
BARARÁTABARATA

Futuro

Fê-u-Fu Tê- u- Ró
Maria Tereza

Se todo mundo morre
Todo mundo um dia vai morrer
Tem gente em todo canto
Mais preparada que você

Isso não é motivo
Pra se assustar
O Brasil reza pra deus e pro diabo.

Você já deve ter ouvido falar que a pobreza no Brasil diminuiu
Todo mundo tem carro, todo mundo toma iogurte,
Todo mundo entende de internet
Pra quem não sabe lidar com isso
Avance o princípio histórico de aprender.

Claro que dá pra ver o copo meio cheio,
Afinal de contas, como diz a música,
"Miséria é miséria em qualquer canto".

O nordeste, que tem um terço dos brasileiros,
Tem metade dos pobres e dois terços dos indigentes
E você acredita que vai se destacar
É muita força pra muita gente

Sente
Sente
A bunda na cadeira e vá estudar
Nessa porra de país
Você é sozinho
E o caminho é de cansar

Sente
Sente
Na cadeira do busão
Personagem de filme não precisa de faculdade.
É preciso prever o futuro pra modernidade
Soletrar F-U-T-U-R-O pra nação.

Nota de falecimento

Nota de falecimento
Maria Tereza

Aviso aos familiares e amigos
O falecimento do senhor Claudio
Ele era pacato
Andava todo engomado
Você já deve ter visto

Não cumprimentava ninguém
Nem gostava de música
Tinha quem beijar mas nunca olhou pro lado.

Caminhava pela rua sempre apressado
Via cada animal como mais um animal
Se via como animal lutando pela seleção natural

A morte veio simplesmente
Atacou todos os órgãos
Nem um pôde escapar
É assim que a vida é
Trabalhar não é atirar na cabeça de ninguém
Pra matar.

Ele não saia de casa para ir ao bosque
Via seus filhos como filhos de ninguém
Era só dor e sofrimento para todos
Pois a sua solidão é a prova que tem
De que a vida é só dureza
Beleza é pros fracos que não tem trabalho
Não tem seu carro de reputação.

Aviso aos familiares desse individuo
Aviso ao filho, aviso a neta
À ex mulher e à loja vizinha
Aos amigos que queiram lembrar
Do falecido senhor Claudio.

Ô Claudio
Espero que esteja no céu!
Ô Claudio
Seu fígado não pode virar pastel!
Ô Claudio / Claudio / Claudio
Agora você não existe pro mundo que quis olhar!
Dinheiro / Ganância / Fome
De tudo ostentar.
Ô Claudio
Precisa ser enterrado!
Precisa ser enterrado!

Beleza

Beleza
Maria Tereza

Na favela onde eu moro
Todo mundo ri
Todo mundo chora
De felicidade.
Há muito verde ainda aqui nessa cidade.
São crianças correndo,
Não fecha a cara Brasil!
Há cores nas pipas
E bola no pé
Saúde é o que pedimos e cantigas sutis.

Beleza,
Nessa favela tem beleza
Sei do prazer que é a natureza
Os pés no chão e a criatividade nas mãos
De qualquer guri.

O som do meu

O som do meu
Maria Tereza

No meu cabelo as antenas da sociedade viva
Sou porta voz pros que cercam a Terra
Pela terra que aceita me engolir
No final de tudo.

Sou a magia no meu cérebro morno
Ainda vivo e funcional pros arquivos que planto
Sou saliva e fumaça
Sou abelha e rainha
Mãe de mim.

Vejo uma nova parada
Na próxima esquina
Quem pagará uma nova entrada
Nesse pôr do sol
Que ainda está por vir.

Cai
O som do meu pensamento
Na cabeça da menina
Que passava

E ela
Pensou que era o dela
Que era ouvido
Por mim.

Eu no mundo do eu

Eu no mundo do eu
Maria Tereza

Vire a página pra me enxergar aqui,
Vire a curva pra me pegar ali,
Mude o ângulo pra entender os temas,
Durma antes que o sol volte outra vez.

Quem disse que pra ser feliz tenho que deixar de voar,
Tenho que andar com os pés
Presos no chão que flutua no universo suspenso?
Quem disse que a arte é só distração de quem sofre ou ama?

Sou fruto de uma geração sincera
Não brigo por paz, sei que briga é guerra
Sei do antes, do ontem, da história e da minha vida
O que é preciso pra se atirar daqui
Pro futuro,
O final desse filme?

Quem manda em mim sou eu!
E isso você não pode mudar!
Quem manda em mim sou eu!
E tudo o que eu faço é meu!
Quem assina esse livro que sou?
Quem manda em mim sou eu!
E isso você não pode mudar!
Quem manda em mim sou eu!
E tudo o que eu faço é meu!

Louca

Louca
Maria Tereza

Haverás de me querer?
Fico aflita a perguntar.
Quando esse mês que entra vir
Sondar meus nervos e equilíbrio
Ainda estarás?

Será que as minhas interpretações foram certas?
Será que o tempo foi para o bem que pressenti?
Entrei na barca e só tinha eu
Olhei pra água e te vi ali
Sempre me encanto quando percebo não precisar
Fechar os olhos pra te enxergar.

Volto a chorar me perguntando:
Haverás de me querer?
E se a loucura estiver me enganando
Preciso chegar logo para saber
E se eu não for forte como o sal
No mar que vou pescar
É certo que estarei morta
No risco que é amar.

Eu te amo como amo o rio.

Eu te amo como amo o rio.
Maria Tereza

Eu te amo como amo o rio
Meu amor por você é como água doce
Envolvendo-me quando
mergulho profundo, ou de leve, tanto faz,
Eu te amo como amo o rio.

Eu olho para o rio e me sinto nele
Eu olho para essa foto e te sinto perto
Olhando pra mim
Querendo-me assim
Querendo-me

Mansinha,
Picante,
Bonita,
Artista
E todo o Rio saberá que é fato
O nosso amor ser consumado
E coroado pelas águas
Do Rio São Francisco.

Foto

Foto
Maria Tereza

Um caderno entupido de poemas
Um cigarro, sua foto
Na tela do computador
Com a câmera na mão
Sua face tão simpática
Viva
Que bem me traz.

Minha casa é só um quarto
E minhas noites são iguais
Pois eu durmo te olhando
Conversando com a foto
Que representa você

Eu choro gritando "te amo"
E num lapso qualquer
Meus olhos não sabem que você
Não mudará essa feição
Fotografada
De carioca
Meu coração se declara com razão.

Sinto sua presença aqui
Chego em casa cinco vezes por dia
Ligo o pc só pra te ver
Vou dormir vendo você
Quero fechar o quadro pra me esquecer

Felicidade
Implora
Tua presença
Tua presença

Cansaço

Cansaço
Maria Tereza 

Queria ter força no dedo
Pra tocar o violão.
Tenho um aqui do lado
Mas só você presente
Pra me inspirar uma canção.
Estou naufragando feito barco
Sem anotar a situação

Olhando seu rosto
Todos os dias,
Falando das coisas que você não imagina
Nem pode
Imaginar
O telefone não quer atender
E os meus dedos cansados, também,
Não vão mais ligar.

Ao lado.

Ao lado.
Maria Tereza

Quero encontrar em você
O meu jardim
Tatuagem de pétala, talo e espinhos
Que exala o meu aroma.

Quero deitar no teu corpo
Como deito meu filho
Quietinho e de bruços, pernas e músculos
Curvas que contei.

E contar a poesia dessa vida calma
Que ao seu lado levo e mostro minha dança
Meu jogo de cintura
Nessa grama sádica.

Quero esfregar minha pele pelo teu suor
Água que benze os nervos da minha alma
Água de regar semente, pra nascer o amor
Que não passa.

História pra boi

História pra boi
Maria Tereza

Poderoso céu
Hoje resolvi sentar pra te ver
Não me importa a quantidade de estrelas
Ou se a lua hoje vai sair

Como saiu
E tirou todas as dúvidas que haviam
Iluminou o pensamento calado enquanto podia
Sentar no alto de mim e contemplar o meu planeta

Não é história
Para boi dormir.

Os corruptos não querem
Que ninguém descubra
Que há além daqui.

Te envolve em histórias longas
Enchem teu saco
Te fazem de palhaço
Dentro do circo

Não é história
Para boi dormir.

Consciência

Consciência
Maria Tereza

O céu escurece não só na minha janela
Com nuvens pesadas
Sem mostrar a poeira que não deixa de existir

E os demais complementos que o homem pôde construir
Pra enfeitar todo dia a vista do dia
Os telhados entre as plantas daqui

Meu corpo, por dentro
Invade minha alma
Não é o contrário como pensam por aí
As rosas que nunca mais vi plantarem
Exalam lembrança de infância por mim

E a consciência que peço aos jovens
Não são só ditado demagogo
Das regras que o mundo não pode fugir

Por toda vivência
Abra a cabeça
Ilusão só é ilusão pra quem enxerga assim.

E se afoga
E se afoba
Por esmola.

Terceira Pessoa

Tudo é
Terceira pessoa.
Você é ela
Ele
Esse
Aquela
Moça
Velho
Homem
Menino
Terceira pessoa
No tempo
Um corpo
Com ar.


Aqui, eu.

Estou guardada dentro de mim
Dentro da minha escama, sereia 
A pele assim, estará protegida
E nenhum peixe sentirá do meu sangue, o cheiro.
E ninguém imagina, ninguém me corta, me desmiola pro jantar
Ninguém belisca ou arrisca petisco 
Pro meu coração parar.

Maria Tereza

Sou só

Sou só.
Maria Tereza

Será que você não vê que eu sou só? 
Olhe pra mim e verás que eu sou sozinha.
Será que você não quer me fazer companhia?
Leva minha chave e comigo caminha
Até o sol.
Um par de luz.
Tristeza não terá lugar.
Alguém chegar,
Contar de si
E dentro da minha vida batucar
É inspiração pra som nenhum acabar.

Happy / Feliz

Let me take a drag that air passing
To loosen the hair entangled
Overbalanced me

Passes a water on her face
Brush your teeth
A lipstick and eyeliner
The smile on his face reminds me of my qualities
that make all the difference

When I step through the streets nobody knows home
No one comes to ask about problems that are not longer part of me

Happy
I spent powder joy in their eyes
Gelol the heart
Good to dance
To dance.

- "Feliz", Maria Tereza, tradução para inglês.

"Deixe eu dar uma tragada
Nesse ar que passa
Pra soltar o cabelo que embaraçou
Naquele forno quente
Me desequilibrou

Passa uma água no rosto
Escova os dentes
Um batom e lápis
O sorriso no espelho
Lembra as qualidades
Que fazem toda diferença

Quando eu passo pelas ruas
Ninguém sabe lá de casa
Nem vem perguntar
Sobre os problemas que nem fazem mais parte de mim

Feliz
Passei pó de alegria nos olhos
Gelol no coração
Que bom
Dançar
Dançar"

- "Feliz", Maria Tereza, álbum "Folhas de Mim".

Ela é hippie, todo mundo sabe

Ela é hippie, todo mundo sabe
Maria Tereza

Petrolina é hippie
Todo mundo faz uns trampos
É artesão
Ligado a arte.

Em Petrolina todo mundo é hippie
Mexe no cordão
Com a tesoura na mão
Quer partir pra manguear.

Pode ser um filtro dos sonhos
Pode ser também um reciclado
Tudo é feito com capricho
Com perfeccionismo tudo é bem acabado.

É luxo
Faz-se luxo
Vive-se luxo
Purpurina no lixo e no cangaço.

Que é pra se vender.
Tudo bem caro pra você
Porque eu, eu fiz e você não sabe
A arte, da história, é só um pedaço.

Petrolina é hippie
Todo mundo sabe.

Quando eu penso em ligar, não ligo.

Quando eu penso em ligar, não ligo.
Maria Tereza

Eu não tenho mais tempo
Pra ocupar meu ouvido
Com desculpas

Por isso que eu não te ligo,
Não brigo,
Não xingo,
Nem pergunto por que não liga mais pra mim.

Na minha vida
Quero ser um passarinho
Solto de galhinho em galhinho
Sem pressa de cantar
Quero voar mesmo na chuva
Quero beliscar todas as frutas
Do teu quintal.

Fumaça


Fumaça
Maria Tereza

As filosofias dessa terra não são mais confiáveis!
Já não sabemos quais cascas têm pintinho pra nascer.
E a corrupção é o retrato desse estado,
Pobre (pobre) que não se cul(llll)pa por não sa-ber. (Mas está tudo aí.)

Bater, bater
Na porta de quem não sabe receber
Não receber
Quem na porta não pára de bater.
E assim eu aperto o meu "foda-se"!
"Não me preocupo com o seu interesse!"

É muito fácil não escutar o que acontece na real.
É que o sistema quer colocar sua cabeça
Nessa bandeja de prata falsificada
Vende tua alma por ouro e nem te paga com bronze
Não te paga a juventude que te tira no liberar dessa ba(bomba)la.

FUMAÇA!
FUMAÇA!
FUMAÇA!
FUMAÇA!
FUMA A MASSA!!
FUMA A MASSA!!

Parte do que é tú

Parte do que é tú
Maria Tereza

O que (que é?)
O quê (que nós?)
Temos à oferecer?

Um ronco nas escadas
Ou o arroto das esquinas,
E os chinelos que oferecem ba(bu)rulho(á) às paredes desse beco?
Tem saída nesse (vira, direita, esquerda, o centro desse)labirinto?
Não se esqueça do "agradecer"!(do á) (do agrá)

Tua parte grata! "Obrigado" (obrigada)
Sem obrigação!
Por agrado:
Teu prato!
E como é bom vê-lo por aqui também!

Tempos Atuais

Tempos Atuais
Maria Tereza

Os compositores da modernidade
Querem acabar com o português
Os compositores da modernidade
Querem deixar você frustrado
Enfeitando os nem tão novos e falsos burgueses.

No bê-a-bá desse sucesso
Eu já assisti mais de uma vez
Com os olhos inchados pelos ouvidos
Já cansados de estupidez.

O dinheiro que entra na conta todo mês
Já nem me importa de onde ele vem
Quem já cantou e ainda lembra
Ou se perdeu as calças também.

Pornografia sem honorário
Sem sentido prolongados
Sem acetona que conserte
O esmalte da mulher.

E todo mundo sabe
Que a vida está vazia
E essas botas já não
Valem mais nada.

O sentimento esquecido
É perguntado toda noite
A noite toda
Para um novo desconhecido.

Pingo

Pingo
Maria Tereza

Hoje eu vivo assim
Sem poder olhar fotos pra não lembrar de você.
Porque o frio que dói em mim
É insuficiente pra te  fazer me escolher.

Por nós,
O amor..
O beijo que ao lembrar me faz chorar
Sentindo
O sabor
E o gostinho tão maravilhoso de te ter pra amar.

Eu quero levar você pra Bahia.

Eu quero levar você pra Bahia.
 Maria Tereza

Só um pouco de nicotina pra acalmar minha alma!
A saudade do Rio
E todas as saudades que senti do meu sertão.

O melhor banho de água e sal é no mar.
Que puxa e empurra
Enquanto você pula pra não se afogar.

E que vontade que eu sinto de apresentá-lo à Bahia.
Mostrar como são lindas as ruas molhadas de Salvador
Levá-lo pra o Rio Vermelho e pro Santo Antônio no Pelô.

Que tal um pôr do sol perfeito na Barra
E no dia seguinte o MAM
Depois abraçar-te feliz com uma nova canção.

Caderno

Caderno
Maria Tereza

Deram-me um caderno para que eu colocasse os meus pensamentos.
Todos os riscados que tem nele são os meus pensamentos.
Hora vazios, mudos.
Hora altivos, sempre vivos.
Estou, eu, dentro de tudo o que faço.
Dentro de tudo o que dou.
Dentro pra fora de mim.

O que é o amor?

O que é o amor?
 

Em homenagem ao dia dos namorados.
Por Maria Tereza Cavalcante para o Facebook.

Amor é descontração, interesse, coragem, confiança e lealdade. Sentir o desejo do outro antes que a boca lhe fale. Aceitar as compreensões do outro como ferramentas para se fazer melhor, sob um ângulo externo, não um qualquer ângulo externo, mas, o ângulo da pessoa bonita que você admira, confia e tem o jeito que você escolheu pra ter como companheira, ou companheiro. Sentir as alegrias e tristezas do outro. Tomá-las como sua, transmitindo paz e tranquilidade às decisões.
Felicidade não se constrói de um dia para o outro. O amor briga, chateia, preocupa, sente tristeza e brinda em todas as alegrias. Está do lado; e sente prazer em estar do lado. Chora e sente falta. Levanta pra se reencontrar. Tem sede do outro e a fome não passa.
Amor é desejo, fogo, faísca, curto, química. Tem cheiro. Ou você acredita no amor ou você confia no amor.
Acreditar no amor é forçar o amor. Forjar o amor.
Confiar no amor é aceitar o amor. Obedecer ao amor. Sofrer com o amor.
Quem acredita no amor vive se explicando. Quem confia no amor nem precisa de explicação. Porque o amor é uma realidade incontornável. rs
Feliz dia dos namorados à todos que se amam e podem assumir a bandeira do amor.

Vamos afundar calados.

Vamos afundar calados.
Maria Tereza

Eu não sei o que você trouxe aqui
Pra melhorar a força desse país.
Quais as palavras de sucesso que emerge
No vulcão bruto da boca que fala aí.

Gente sentada esperando o prato
Outros milhões sentados a se deliciar.
Reformular todo esse eco navio
Mostra que o que tinha de eco
Foi pro fundo do rio.

Solte essa gravata doutor
Assuma a sandália que dou.

Está todo mundo
Totalmente errado!
Falar que a ditadora é solução?
Mesmo com a falta do bom censo
Calar a boca é reprimir toda a nação.

Outro dia você vai me encontrar
Toda largada
Caminhando por aí...
Com um cigarro e outras drogas lentas
Livre e feliz, tendo a paz que quis.

Livremente
Livre
Liberdade
Liberdade

Pé e cabeça
Pra sentir
Livremente
Livre

Se eu ou você

Se eu ou você
Maria Tereza

Se eu não fosse tão louca...
A gente daria certo.
Se você não fosse tão louco...
Se você não fosse tão louco...

Loucos,
Nós,
De mãos dadas a festa inteira.
Que dança gostosa
Do seu quadril
Entrando em minha cabeça.

Os deuses do universo
Somos nós!
Nesse movimento
O amor entrou em meu coração
Ao ver seu rostinho sorrindo
Puxando-me pra o beijo
Querendo-me em chamego
Tendo-me como musa
Da festa do teu prazer.

TC

TC
Maria Tereza

O estado e a religião.
O quê sustenta essa ambição?
As migalhas de sua casa,
Todos os papéis do chão
No piso de porcelanato
Cuspindo grosso
Dita as regras pro cão.

As notas espalhadas na mesa
O óculos do olho cruel
Usando aquela pobre inoscente
O dinheiro mantém a rispidez.

Todos vão deixar pros seus filhos
O que ela vai deixar pra "Deus"
Porque foi o "Diabo" que deu!

Procure

Procure
Maria Tereza

Procure
Inspiração
Pra viver.
Procure
Inspiração
Pra viver.
Procure
Inspiração.
Pra
Viver,
Procure.

Passa

Passa
Maria Tereza

Passa tempo
O tempo todo
Passa o tempo.

Passa tempo
O tempo todo
Passa o tempo.

Passa tempo
O tempo todo
Passa o tempo.

A solidão

A solidão
Maria Tereza

Vá,
Pegue suas malas,
Pegue tudo.
Caia no mundo,
Saia daqui
E esqueça o que gastei com você.

Esqueça toda forma de carinho
Cada fundo de pocinho
Que me meti pra tirar você.

A solidão é cultivada
Por quem põe na arma a bala.
Só entra nessa quem é falso
Se não deu mais
Vamos cuidar de si.

Pegue todas as roupas sujas
Pode lavá-las antes de sair
Saia com a cabeça erguida
E dignidade pra poder sorrir.

As vezes a vida prega peça
Não adianta se jogar
Na correnteza, nesse barco
Que já furou e pode afundar.

A solidão é cultivada
Por quem põe na arma a bala.
Só entra nessa quem é falso
Se não deu mais
Vamos cuidar de si.

Não passa.

Não passa.
Maria Tereza

Há tanto sentimento
Tanto carinho que vem e não sai
Sinto falta das flores que abrem
E se fecham com a noite que cai.

O canto do passarinho,
O aperto na sua mão,
Seu jeito de fazer biquinho
E engolir de mansinho
A saliva e o pão.

Momentos de recordação
Clareiem essa escuridão
Me deixe com frio na barriga
Sem saber o que passa.
Sem saber como passa.
De graça.

Enquanto isso no Brasil...

Agora faltou luz
Maria Tereza

O Brasil
Está em crise...
O Brasil
Está em crise...
Nem a conta de luz pode pagar
Mas com a copa se exibiu
Quem quer se re candidatar?

O Brasil
Está em crise
Tem bomba já preparada
Com a faixada de bela puta
Luz apagada
E saia curta.

O Brasil é tão feliz
Tem favela que é demais
As pipas e a bola do meu futebol
Enfeitam nossas tardes
Tarde a tarde.

O Morro do Querose,
Essa noite.
Santa Teresa nem sabe do Rio Comprido.
Como era bom sentar na praça
Pedir uma cerveja gelada
Essa energia iluminada do poste desse Rio.

Mas de repente não vai faltar a alegria
E o sorriso dessa gente que vai ficar no escuro
Pois a Dilminha, linda dona do quadril
Não sabe em que investir
Então manda tudo pra puta que pariu.

Deixou o Brasil ficar em crise (O Brasil está em crise)
Deixou o Brasil ficar em crise (O Brasil está em crise)

A ÁGUA

A ÁGUA
Maria Tereza


A

Á  
G  
U    P
A    I
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      G     N
      A     A


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   A   D
         A

     T
      I
     A
        ,

S    ESCORRE                                               
E    POR AI MINHA FÓRMULA DE V
                                                              I
                                                                D
                                                                   A
                                                                 ...

Poema curto

Poema curto
Maria Tereza

É preciso ter cuidado
Com o tempo que não se é dado.
Muitas flores nascem pelos campos
E é tolice não prestar atenção.

As cores dentro do arco-íris
Referenciam o colorido pra ser buscado,
Como sábio solto em floresta escura
Guiado pela luz da alma.

Intuir para bem reagir,
Só interessar o que canalizar à mim,
E se o porto que tanto busco for achado,
Já não me cabe a tolice de não andar ao seu lado.

Bom poder repetir

Bom poder repetir
Maria Tereza

Reaproveitar,
Reutilizar,
Refletir,
Despir-se,
Lembrar-se,
Fixar-se em si.
Flutuar,
Navegar,
Caminhar,
Vigiar-se.
Pairar,
Gramar,
Observar-se,
Esquentar-se,
Comer-se por si.
Repetir.

Bilhete

Bilhete
Maria Tereza

Quando a lua chegar
Quero teu colo, menino.
Quero sentir o brilho dela
Banhando nosso amor.

Tudo tão leve,
Como a magia da mata.
Tudo tão breve,
Tudo tão intenso,
Tudo se faz infinito.

Cuida bem de mim
Sou o anjo da tua guarda,
Sou o espelho que refletirá pra você a lua.
Sou o sorriso que nunca se guarda.

As notas dos nossos dias estão guardadas
No baú do meu coração
E de nada me valerá juntar tudo e te fazer canção
Se eu não puder cantar.

Ele acordou de manhã e viu o meu bilhete
Correu pra cozinha e se alimentou de pão
Tomou todo café  engolindo a vontade
De sentir o beijo que aquela xícara lembrava
E foi trabalhar com pressa de voltar.

Sandálias

Sandálias
Maria Tereza

Sandálias
Se arrastam
Nas ruas
E nos corredores
Do seu apartamento
De cimento
Ou azulejo importado.

As pernas não sustentam
O movimento
E o joelho crente
Que ainda está parado.

Não finja que vai
Sustentar esse quase
Com silêncios hostís.

Clame a vitalidade,
A clareza da arte
De levantar o pé
Sem sentir.