Olhos

Olhos
Olhos expressivos de quem já viveu / Histórias, memórias, lembranças de paralelepípedo, / De ruas, calçadas, nomes, pessoas, gestos, vozes, choros, berros / De alguém ou meus. / / O olhar dessa cidade / Sabe dos números de ruas / Que os teus pés já pisaram / Não fale das coisas pequenas que escorrem pros lados. / / E lembre-se sempre do que você diz a si / A verdade é a coisa mais pura pra se ter e sentir, / / Menina, os teus olhos, me lembram / Um bocado de dengo / E a arte de arder em meu peito ainda aquela vontade, / Retruca, por que ter guardado o momento / Dentro dos meus pensamentos em um bau zincado?

A Evolução das Baratas

A Evolução das Baratas

Complexas
Com corpos achatados
Asas duras
Pernas que se movimentam rápido e longas antenas que balançam
Comendo lixo e restos
Espalham salmonela e a shigella
De um lugar para o outro

Quando elas andam deixam rastros de fezes
Para encontrar o caminho de volta
Rastros que causam manchas e odores
Repassam pro ninho as informações de todos os pavores

Um mal tão grande não morre fácil assim
Isso me dá medo
Todo dia
Até a hora de dormir
Andando na rua nem parece indefesa
Quatro mil espécies de baratas
E eu aqui de madrugada
Gritando pelo vizinho
Pra matar o filhote que passeia



Silenciosa
Do banheiro pra sala
Imagino as perninhas cabeludas
Arrastando-se por cima de mim

E se as baratas crescem mediante a evolução
E descobrem o meu pensamento
Identificariam as vítimas pela movimentação
Do pé

Calculando o medo na distância que a submeto de mim
Não haveria dúvida
Na hora do cio
Sábia de toda causa e efeito
Abriria suas asas
E voaria, pularia, andaria, pisotearia, e até morderia
A ponta do meu nariz

BARATA
BARATA
BARARÁTABARATA