Olhos

Olhos
Olhos expressivos de quem já viveu / Histórias, memórias, lembranças de paralelepípedo, / De ruas, calçadas, nomes, pessoas, gestos, vozes, choros, berros / De alguém ou meus. / / O olhar dessa cidade / Sabe dos números de ruas / Que os teus pés já pisaram / Não fale das coisas pequenas que escorrem pros lados. / / E lembre-se sempre do que você diz a si / A verdade é a coisa mais pura pra se ter e sentir, / / Menina, os teus olhos, me lembram / Um bocado de dengo / E a arte de arder em meu peito ainda aquela vontade, / Retruca, por que ter guardado o momento / Dentro dos meus pensamentos em um bau zincado?

Sandálias

Sandálias
Maria Tereza

Sandálias
Se arrastam
Nas ruas
E nos corredores
Do seu apartamento
De cimento
Ou azulejo importado.

As pernas não sustentam
O movimento
E o joelho crente
Que ainda está parado.

Não finja que vai
Sustentar esse quase
Com silêncios hostís.

Clame a vitalidade,
A clareza da arte
De levantar o pé
Sem sentir.