Olhos

Olhos
Olhos expressivos de quem já viveu / Histórias, memórias, lembranças de paralelepípedo, / De ruas, calçadas, nomes, pessoas, gestos, vozes, choros, berros / De alguém ou meus. / / O olhar dessa cidade / Sabe dos números de ruas / Que os teus pés já pisaram / Não fale das coisas pequenas que escorrem pros lados. / / E lembre-se sempre do que você diz a si / A verdade é a coisa mais pura pra se ter e sentir, / / Menina, os teus olhos, me lembram / Um bocado de dengo / E a arte de arder em meu peito ainda aquela vontade, / Retruca, por que ter guardado o momento / Dentro dos meus pensamentos em um bau zincado?

O som do meu

O som do meu
Maria Tereza

No meu cabelo as antenas da sociedade viva
Sou porta voz pros que cercam a Terra
Pela terra que aceita me engolir
No final de tudo.

Sou a magia no meu cérebro morno
Ainda vivo e funcional pros arquivos que planto
Sou saliva e fumaça
Sou abelha e rainha
Mãe de mim.

Vejo uma nova parada
Na próxima esquina
Quem pagará uma nova entrada
Nesse pôr do sol
Que ainda está por vir.

Cai
O som do meu pensamento
Na cabeça da menina
Que passava

E ela
Pensou que era o dela
Que era ouvido
Por mim.